Sem espaço no orçamento para mais desonerações de tributos, o governo decidiu não prorrogar a alíquota reduzida de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre carros. O imposto fica maior a partir de 1º de janeiro de 2015.
O presidente da Anfavea (associação que representa as montadoras), Luiz Moan, esteve nesta quinta-feira (20) com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de quem ouviu a decisão.
Para carros populares, a alíquota do imposto subirá de 3% para 7%, que é o valor original do IPI. Para os demais carros (acima de 1.0), a alíquota subirá de 9% para 11%, no caso dos carros flex, e de 10% para 13% para os modelos movidos a gasolina.
Segundo Moan, é decisão de cada empresa repassar ou não a recomposição do imposto para o preço final.
O governo vinha indicando que não iria prorrogar mais uma vez o benefício, lançado pelo governo Dilma em maio de 2012 e esticado várias vezes.
Até o fim de 2014, pelos cálculos da Receita Federal, o governo terá deixado de arrecadar R$ 11,5 bilhões com a desoneração.
Aquele 2012 foi ano recorde em vendas, com 3,8 milhões de unidades comercializadas, impulsionadas pela desoneração de impostos.
O cenário agora é mais adverso: a projeção feita pela Anfavea é de o setor terminar o ano com queda de 10% na produção, 5,4% nas vendas e 29% nas exportações, em comparação com 2013.
Questionado sobre os impactos da decisão --se haverá demissões, por exemplo-- Moan afirmou que o setor vai fazer o possível para aumentar a produção e as vendas.
"A indústria automobilística tem seus trabalhadores num nível muito qualificado, o que significa investimento em treinamento muito forte, e a indústria sempre evitou fazer uma redução do pessoal em razão desse investimento que foi feito. Vamos lutar o máximo possível para continuar produzindo e, principalmente, vendendo."
SEMESTRE MELHOR
Depois de um primeiro semestre ruim para o setor, com estoques cheios, demissões, programas de férias coletivas e afastamentos temporários de funcionários, o setor automotivo tem tido um segundo semestre mais favorável para as vendas e a produção.
Segundo Moan, as vendas de julho a outubro cresceram 5,7% em relação à média do primeiro semestre. A produção no período cresceu 6,2%, e as exportações, 2,4%.
O setor já esperava pela suspensão do incentivo fiscal e ainda aposta em um 2015 mais promissor.
Os feriados da Copa do Mundo e um ambiente de pouca confiança do consumidor foram alguns dos fatores que afastaram os clientes das concessionárias em 2014.
O setor trabalha uma estratégia mais agressiva de varejo, com cortes de juros e aposta nas cidades menores do país, as maiores responsáveis pelo crescimento de vendas.
Conta ainda com os incentivos do governo para tomada de empréstimo para compra de carros. Segundo Moan, o crédito para compra de carros subiu 10% em outubro ante setembro.



