A renda necessária para aposentadoria muda conforme o perfil do poupador. Entre investidores de varejo -com até R$ 200 mil em aplicações financeiras, segundo os critérios da gestora-, o valor cai para R$ 35 mil por ano, o que não dá R$ 3 mil por mês.
Para os investidores de alta renda -com carteira de aplicações superior a R$ 200 mil-, a quantia cresce para R$ 110 mil ao ano, conforme a pesquisa, que entrevistou mil investidores no Brasil.
Os montantes consideram a manutenção de despesas básicas, de acordo com o padrão de vida atual dos investidores. "Parecem valores acanhados, mas não contemplam gastos extraordinários na aposentadoria, como viagens", diz Carlos Takahashi, consultor sênior da BlackRock no Brasil.
A quantia acumulada depende do esforço de poupança ao longo do tempo. Para alguns especialistas, a reserva ideal precisa gerar, durante a fase da aposentadoria, um rendimento mensal de pelo menos 70% da renda que o trabalhador tinha na ativa.
Outros defendem um porcentual maior, de até 90%. Na prática, não há uma receita de bolo. "O ideal é evitar uma redução no padrão de vida que afete itens essenciais como alimentação, vestuário etc.", afirma Rogério Araújo, especialista em previdência e diretor da TGL Consultoria.
COMEÇAR CEDO
Para não ter dor de cabeça no futuro, a recomendação básica é criar o hábito de poupança o mais cedo possível, com aplicações que complementem a contribuição à Previdência, diz Takahashi.
Quem começa aos 25 anos, por exemplo, precisaria investir mensalmente R$ 1.550 para obter renda anual de R$ 70 mil, conforme simulações feitas por Ivens Gasparotto Filho, diretor de análise e alocação da Guide Life, empresa de planejamento financeiro da Guide Investimentos.
Um investidor que começasse aos 35 anos a formar reservas para aposentadoria teria de aumentar para R$ 2.710 o aporte mensal se quisesse alcançar o mesmo objetivo.
Para uma pessoa que resolvesse investir a partir dos 45 anos, o esforço seria ainda maior: seria preciso poupar todo mês mais que o dobro em relação ao investidor que deu a largada dez anos antes.
"Definir o tempo até se aposentar, conhecer o padrão de vida atual e ter disciplina para guardar um valor mensalmente fazem parte do planejamento financeiro com foco na aposentadoria", afirma Araújo, da TGL.
O cálculo do dinheiro que será necessário na aposentadoria deve levar em conta, ainda, o aumento da expectativa de vida no país. No caso de quem tem 60 anos, por exemplo, a esperança é de viver, em média, por mais 22 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).