Com ocâmbio mais estávele atrativo e o aumento da fabricação de bens duráveis, as importações de insumos tiveram neste ano a maior participação na produção industrial brasileira para um primeiro trimestre desde 2005.
De janeiro a março, a indústria usou em sua produção 14% a mais de bens intermediários comprados de outros países ante mesmo período de 2016, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A expansão na importação é reflexo, em parte, do desempenho da produção de bens duráveis, como automóveis e eletrônicos, que cresceu 8,7% de janeiro a abril deste ano, aumentando a demanda por esses insumos.
Sinaliza também que a maior estabilidade do dólar em relação ao real vem levando a indústriaa apostar mais nos importados para suprir sua demanda.
No primeiro semestre de 2016, em meio ao cenário político conturbado que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, a forte valorização do dólar e a própria turbulência econômica inibiram compras de outros países.
"De meados do ano passado para cá houve uma certa estabilização do câmbio em um patamar que não é proibitivo às importações, de R$ 3, R$ 3,30. E o fato de ter previsibilidade também ajuda bastante", diz Fernando Ribeiro, pesquisador do Ipea.
Para Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), esse aumento de participação tem a ver com a recuperação da produção de segmentos em que o uso de importados de maior valor agregado é alto.
Outro fator, na avaliação do economista do Iedi, é o bom momento da produção agrícola, que eleva a importação, por exemplo, de defensivos agrícolas e fertilizantes.
O cálculo da fatia dos importados na indústria é feito dividindo-se a quantidade de produtos comprados de outros países pelo chamado consumo aparente da indústria, que exclui as exportações para medir melhor o impacto na atividade econômica dentro do país.