Quinta, 13 Fevereiro 2020 11:35

Só em três Estados indústria voltou ao nível pré-crise em 2019

Recuperação do setor deve demorar alguns anos

Passados três anos do fim da recessão, somente três dos 15 locais acompanhados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE fecharam 2019 com a produção acima do nível précrise: Pará, Mato Grosso e Santa Catarina. Os mais distantes da recuperação são Minas Gerais e Espírito Santo, exatamente os que mais pesaram na queda da indústria nacional em 2019.

A produção de bens industriais do Estado de São Paulo cresceu em ritmo lento, com alta de 0,2% em 2019, porém melhor do que a média nacional no ano passado (queda de 1,1%). Se mantiver o ritmo de recuperação registrado nos últimos três anos (1,5% ao ano), as fábricas paulistas ainda levarão quase 13 anos para recuperar o nível pré-crise.

“Claro que esse tempo de recuperação pode ser menor daqui para frente se mudar a hipótese de crescimento. Se a recuperação do setor acelerar para uma um ritmo médio de 3% ao ano, por exemplo, a indústria local recuperaria seu patamar em seis anos e meio”, disse Marcel Balassiano, da Fundação Getulio Vargas (FGV), autor do cálculo.

Conforme os dados divulgados pelo IBGE, a produção em Minas Gerais (-5,6%) e Espírito Santo (-15,7%) foi a principal responsável pela queda da indústria nacional em 2019, impactados pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG), ocorrida no fim de janeiro.

“A indústria extrativa de Minas Gerais fechou o ano em queda de 25,3%. Essa queda chegou a ser ainda mais intensa ao longo do ano, com dificuldades adicionais de paralisações de unidades produtivas e chuvas. Mas o setor extrativo conseguiu recuperar um pouco a produção ao longo do ano”, disse Bernardo Almeida, analista da pesquisa do IBGE.

Dessa forma, o parque fabril de Minas Gerais chegou a dezembro 23% abaixo do nível de dezembro de 2013, igual mês que antecedeu a recessão. No caso do Espírito Santo, essa diferença do nível pré-crise está em 31,7% - além do minério de ferro, a produção de papel e celulose despencou no período e contribuiu para o maior distanciamento.

Grande produtor de minério de ferro, o Estado do Pará também foi afetado pelo rompimento da barragem, por causa das mudanças de política operacionais da Vale. A indústria local recuou 1,3% em 2019. Mesmo assim, o Pará produzia em dezembro 35,3% a mais do que em dezembro de 2013, graças à entrada em operação de grandes projetos da Vale.

Entre os destaques positivo da produção no ano passado estavam os Estados da região Sul: Paraná (5,7%), Santa Catarina (2,2%) e Rio Grande do Sul (2,6%). Todos foram impulsionados pela indústria de transformação. Com maior fabricação de veículos e de máquinas e equipamentos, Santa Catarina terminou o ano produzindo 0,2% a mais do que em 2013.

A produção da indústria fluminense também foi destaque, com avanço de 2,3% em 2019, embalada sobretudo no avanço da indústria petroleira. No ano passado, a Petrobras produziu 2,172 milhões de barris/dia de petróleo no Brasil, números que refletem os recordes de produção da companhia no pré-sal. Foi o terceiro ano seguido de alta da indústria do Rio de Janeiro.

No outro extremo, a produção do Nordeste recuou 3,1% em 2019, após alta de 0,2% em 2018. “A sinalização mais recente para a região, contudo, é positiva, já que no último trimestre do ano conseguiu obter variação de 0,2% ante o mesmo período do ano anterior”, disse Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a aprovação da reforma tributária pode ser um fator de inflexão para o ritmo de retomada da indústria brasileira em 2020. “Com o consumo e recuperação da construção e do setor de automóveis, toda a cadeia da indústria pode melhorar seu desempenho neste ano, inclusivo no Estado de São Paulo”, acredita o analista.

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